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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

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Há aproximadamente cerca de três mil pessoas com falta de visão na Região


Existem cerca de três mil invisuais residentes nos Açores, mas apenas 20 sabem ler em braille, escrita que permite aos cegos através do tacto reconhecer o conteúdo dos textos. Segundo Virgínio Bento, presidente da delegação açoriana da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), há aproximadamente cerca de três mil pessoas com falta de visão na Região, o que no seu entender é um número muito elevado. O presidente lamenta que de entre todas essas pessoas apenas 20 saibam ler braille: “infelizmente as pessoas não procuram a associação para aprender braille e isso está errado”, disse. Virgínio Bento referiu que uma das grandes dificuldades sentidas pelos invisuais está relacionada com o facto de as cartas emitidas por entidades públicas não serem enviadas em braille: “para pagar a água ou a luz recebemos o recibo normal (...) Isso está mal! Como é que uma pessoa cega vai saber o que tem a pagar?”, pergunta indignado Virgínio Bento, exemplificando que ontem pagou com multa a conta da água. Virgínio Bento lamenta que estas situações aconteçam e atribui a culpa aos governantes, que parece terem-se esquecido das necessidades dos invisuais: “eu acho que os nossos serviços municipalizados e governamentais têm de enviar para casa dos deficientes as coisas em condições”, realça o presidente da ACAPO-Açores, acrescentando que “o deficiente visual para poder pagar as suas contas tem de ter o recibo devidamente adaptado à sua deficiência”. O responsável da associação diz inclusivamente que os governantes somente pensariam nestes pormenores se vivessem as dificuldades dos deficientes visuais, mesmo que fosse apenas por duas horas. O mesmo diz não estar a exigir nada, apenas reivindica o direito de ter acesso a essas informações em braille: “só estou a pedir que me tratem tal e qual como os outros e me dêem a possibilidade de no meu próprio mundo viver como os outros”, sublinhou. Contudo, a falta de professores especializados em deficiência visual, que impossibilita a formação de leitura em braille para os invisuais residentes na Região, é uma realidade. Virgínio Bento explicou que os poucos professores que existiam já estão reformados e actualmente conhece somente dois mestres especializados para lidar com cegos, sendo que um reside em São Miguel e o outro na Terceira: “noto que o nosso Governo não teve em conta a especialização de professores nesta área”, frisou. A dificuldade com a formação especializada também é um entrave para a mobilidade dos cegos na Região. O representante da ACAPO-Açores gostaria de saber onde estão os técnicos de mobilidade para ensinar os invisuais a andar na rua. Diz saber ainda que o Governo Regional formou várias pessoas nessa área, mas as mesmas não se encontram a executar essa função. Na opinião de Virgílio Bento, “saber andar de bengala e saber ler braille é fundamental” para quem tem deficiência visual. Por essa razão faz um apelo para que sejam criadas as condições necessárias aos invisuais porque como o próprio diz, “o deficiente visual bem trabalhado não é burro, é muito esperto! É preciso é dar oportunidade e qualidade”.

Dia Mundial do Braille Braille é o meio universal de leitura e escrita das pessoas com deficiência visual. É um alfabeto cujos caracteres se indicam por pontos em relevo. Nos Açores, num total de três mil cegos, apenas 20 sabem braille.

ACAPO no continente começou há cerca de cinco anos a dar cursos de braille para pessoas sem qualquer deficiência visual, sendo que no ano passado a associação ensinou a mais de uma centena de alunos.

Fonte:Açoriano Oriental

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